quarta-feira, 29 de maio de 2013

DELICADO CASO DE AMOR E MORTE (03)

Agripino repôs o fone no gancho antes mesmo de ouvir o final da conversa de dona Dinorá com a filha de César Amarante Paz. Pois que no decorrer da conversa alheia e telefônica, ele tinha ouvido a sirene do carro da policia se aproximar. Desligou o aparelho e foi até o salão de entrada da concessionária. Humberto, o delegado, lhe fez as perguntas que mandavam o protocolo e o funcionário lhe respondeu contando, exatamente, o que havia ocorrido assim que ele tinha chegado à firma. O delegado Humberto o olhou atentamente após as perguntas e, junto com o pessoal da perícia foi examinar toda a concessionária a procura de pistas que os levassem ao assassino do rico empresário, morto ainda há pouco. Tempo depois o delegado chegou junto ao funcionário e perguntou:
Quem é Dinorá, seu Agripino?
E o outro o respondeu:
É a governanta do Sr. César. Por quê?
E o delegado:

Encontramos esse broche, caído ao pé da poltrona onde a vitima foi assassinada, e está gravado o nome dessa mulher no objeto.

(Um broche com o nome de Dinorá gravado? Hum... Será ela a criminosa do seu falecido patrão? Aguardem a próxima postagem!)

Sérgio Santal

sexta-feira, 24 de maio de 2013

DELICADO CASO DE AMOR E MORTE (02)

Bem, viúva mesmo a dona Dinorá nunca foi do seu César, mas, como rolava boatos de que aquela dedicada espécie de governanta era amante do senhor César Amarante Paz, por que não considera-la a viúva, naquele telefonema? Agripino tentava explicar, por telefone, que o autor do crime não tinha sido ele, já que se considerava um dos mais dedicados funcionários do falecido. Mas Dinorá só gritava ao telefone:
Assassino! Sua voz foi tomada de uma agonia animal, o que provocou mais piedade no seu Agripino do que raiva, já que o senhor de uns sessenta anos estava sendo, erroneamente, acusado de assassino, por aquela mulher. Dinorá havia deixado o aparelho telefônico cair sobre o sofá da grande sala e o seu Agripino pode ouvir o dialogo que aquela governanta travava com a filha do falecido patrão, a doce Clara. Dinorá tentava pronunciar o ocorrido mais tinha dificuldade de dizer... Seus olhos lacrimejavam e sua voz saiu tremula quando, enfim, conseguiu dizer:
Clara, meu anjo seja forte, pois o que tenho a lhe dizer vai cortar o seu coraçãozinho em pedaços...
E Clara aflita:
Fala Dinorá... a moça já pressentia o pior.
Seu pai... Ele... Foi encontrado morto hoje de manhã, lá na concessionária.
O comunicado foi fatal aos ouvidos da jovem e, mais fatal do que a nota de falecimento do pai foi à revelação seguinte:
E eu sei quem foi o autor do crime, filha.
E Clara quis saber:

— Quem? A jovem Clara perguntou temerosa e Dinorá ficou a olha-la, reunindo coragem dentro de si para contar o que sabia. 

(Aguardem a próxima postagem! Será mesmo que o pacato Agripino é o assassino do patrão César Amarante Paz ou tudo não passa de uma suspeita de Dinorá, movida pelo desespero?)

Sérgio Santal

quarta-feira, 22 de maio de 2013

DELICADO CASO DE AMOR E MORTE (01)


É preciso, primeiro, que fique registrada essa imagem, digamos que hedionda, para que essa história possa sair dessas primeiras linhas. Um homem morto. Que peso teria essa imagem na sua consciência se você se deparasse com um na sua frente? Bem, o seu Agripino, ao abrir a concessionária naquela manhã, ficou em estado de choque e nunca mais conseguiu dormir desde então. O seu patrão, César Amarante Paz, levou três tiros no peito e ele, seu Agripino, foi a primeira pessoa a encontra-lo naquele estado vulnerável: cadavérico.
Assim que se deu conta do que tinha visto, Agripino recuperou o juízo e fez o que qualquer pessoa sensata faria em seu lugar: chamou a policia. Lógico que o seu patrão foi assassinado, e descobrir o autor do homicídio seria do interesse não só dele, que o respeitava bastante, mas, também, do interesse da família do recente falecido, principalmente dos seus irmãos: Mário e Luiz Amarante Paz, seus sócios no recente negócio da família: uma concessionária na zona sul carioca. E, por isso mesmo, principais interessados em sua morte.
Agripino tirou essa breve e nefasta suspeita da sua cabeça e pegou o aparelho telefônico, discando o numero da policia. Claro que mais tarde se desculparia com os outros irmãos, por está usando o telefone da firma sem a autorização de seus donos. Mas o caso era de extrema urgência e, com certeza, eles iriam entender o porquê do “abuso”. Depois de comunicar a policia o ocorrido, Agripino teve a segunda atitude sensata do dia: comunicar o triste acontecimento á família do morto. A viúva do seu César teve a seguinte reação ao ouvir o que o funcionário havia lhe dito. Ela gritou para ele, vivida e loquaz: — Assassino!

(Em breve a segunda postagem. Será mesmo aquele humilde homem autor do brutal assassinato como a viúva afirmava?)

Sérgio Santal

segunda-feira, 20 de maio de 2013

UMA FOFA




   Ela era fofinha. Companheira mesmo, dessas que fazem festinha quando um dos dois entra pelo portão da casa. Vez em quando, quase sempre, pedia atenção com a patinha, ou, abruptamente, pulava no colo de um ou de outro. Era um amor e queria amor.
     Mas os tempos eram difíceis. Eles, recém-casados e desempregados, tiveram que trocar de casa indo para uma quitinete, onde o aluguel era mais barato. Deram a lindinha para fulana que era amiga de sicrana e que beltrana jurou que era de confiança.
     A fofinha morreu de depressão. Os anos passaram e o casal a trocou por um gato.

(Sérgio Santal)

sábado, 18 de maio de 2013

O NASCIMENTO DO MUNDO SEGUNDO EU

"De uma grande vontade surgiu o mundo. Ou de várias vontades. Tipo: uma galera gritou: Sim! e assim se deu o mundo... Deve ter sido desse jeito. Eu acho. Sem muita certeza..."

Sérgio Santal

quarta-feira, 15 de maio de 2013

VIRA-LATA PELA RUA

Descrito assim
pareço, 
de fato,
especial.
Os olhos marejados,
emocionados com sua ausência.
Os braços erguidos,
gritando pelo seu toque.
E a boca sedenta,
querendo lhe sorrir.
Descrito assim,
tão singelo,
pareço humano,
mas no fundo
de tudo
esmolo entre uma
lixeira e outra
querendo seu afeto.
Um vira-lata 
sarnento querendo o seu 
afeto:
filho da puta escroto 
que me negou um punhado de 
ração.

Itaboraí, maio de 2013, Sérgio Santal