sábado, 20 de abril de 2013

SOBRE CLARICE (minha amada)

Se eu fosse um estudante universitário no começo dos anos setenta, claro, eu faria de tudo para adentrar o apartamento de Clarice Lispector numa tarde qualquer de sábado e tomar um café com ela. Evidente que falaríamos de literatura. E ela, muito tímida, me contaria o que a levou a escrever o breve e denso “Água Viva”.

ELA:

Um amor.

EU:

Amor?

ELA:

Não me pergunte que amor é esse. Se não foi capaz de descobri-lo no livro é sinal que não está preparado para o mistério.

EU:

(Faria um longo instante de silêncio e me serviria de mais um gole de café)

ELA:

(Me ofereceria um tímido sorriso saído dos seus lábios)

EU:

(Me calaria)

Sérgio Santal, 
para um curta metragem sobre Clarice Lispector

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