Se eu fosse um estudante universitário no começo dos anos setenta, claro, eu faria de tudo para adentrar o apartamento de Clarice Lispector numa tarde qualquer de sábado e tomar um café com ela. Evidente que falaríamos de literatura. E ela, muito tímida, me contaria o que a levou a escrever o breve e denso “Água Viva”.
ELA:
Um amor.
EU:
Amor?
ELA:
Não me pergunte que amor é esse. Se não foi capaz de descobri-lo no livro é sinal que não está preparado para o mistério.
EU:
(Faria um longo instante de silêncio e me serviria de mais um gole de café)
ELA:
(Me ofereceria um tímido sorriso saído dos seus lábios)
EU:
(Me calaria)
Sérgio Santal,
para um curta metragem sobre Clarice Lispector
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