quarta-feira, 1 de setembro de 2010

COLEGAS

Porque sou um bom escritor?
Oras, desde que descobri a palavra, ela tem sido o meio e o recurso para eu ser um pouquinho amado neste mundo onde não se ama e nem se é amado.
Quando entrei na adolescência, escrevi uma novelinha inspirada no meu ambiente escolar. A novelinha, ao ser lida pelo meu irmão, foi elogiada por este e, depois e casualmente, uma amiga minha começou a ler a tal novelinha em minha casa. Deu a hora de ela ir embora e ela não tinha concluído a leitura. Pediu-me para terminar a história na casa dela. Consenti e dei á ela outras novelinhas que eu havia escrito. Semanas depois, ao visitá-la em sua casa, uma gratificante surpresa: toda a sua família e alguns vizinhos, tinham lido os meus textos e gostado deles. Comentavam sobre os personagens com tamanha íntimidade que saí de lá me sentindo um gênio! Poderia dizer um Machado de Assis se na época, eu tivesse lido pelo menos o romance "A mão e luva", mas, como eu não tinha contato, ainda, com a sua obra; saí de lá me sentido um Sidiney Sheldon.
Uns anos depois, um pouco mais amadurecido, conquistei um namorado para uma amiga minha. Ela me pediu que eu escrevesse uma carta bemmmm bonita para um certo garoto da sexta série. Escrevi a carta, carregada de romantismo e inspirada nas minha leitura de romances de banca de jornal e, dois dias depois essa minha amiga estava namorando o rapaz. Passei a escrever cartas para essa colega de escola. Ora para ela se desculpar com a mãe, com quem ela não falava a um tempo. Em outra ocasião, escrevi uma carta de rompimento de namoro. Ela se encheu do tal carinha e terminou com ele através das minhas palavras.
Já fazendo teatro, só que na escola, conheci um outra colega que nunca vi em minha existência! Nos correspondiá-mos através da mesa que dividiá-mos na mesma sala de aula, só que em horários diferentes. Ela estudava á tarde e eu de manhã. Naquela época eu tinha o hábito de escreve na certeira onde eu punha o caderno, poemas e anotações acerca do mundo e seus habitantes: nós. Um dia essa minha amiga, que eu nunca vi em minha vida, leu esses meus textos sobre a mesa e escreveu, naquela mesma mesa, um elogio para a minha maneira de escrever e fez até algumas críticas construtivas sobre a minha visão de mundo. Nos correspondemos, via carteira escolar, até o ano letivo findar e, volto a repeti: NUNCA VI ESSA GAROTA NA MINHA VIDA.
No início deste ano, publiquei meu primeiro livro: "Pulhas" e minha recompensa maior é saber que pessoas que nunca leram um livro na vida, passaram a ter gosto por esse hábito através do meu pensamento e da minha palavra.
E tenho dito. Amém.
Sérgio Santal

Um comentário:

  1. Que lindo aqui!
    Adorei.
    Ou era diferente ou eu não tinha vindo ainda mesmo.
    Mas,ca estou.
    Te espero la no meu....
    melhor
    nos meus.

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