sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DO QUE EU GOSTO E NÃO GOSTO (Uma entrevista)

No seu livro de contos "Pulhas" você descreve, em um dos conto, a noite de sábado como uma tormenta. Por que você não gosta de sábado á noite?
- Porquê é um dia e uma hora forçosamente eufórica. Tal como o carnaval.

Então você não gosta de carnaval?
- Ah, eu já respondi isso...

E a sua história com São Longuinho...?
- É...

Você é devoto dele?
- (risos) Digamos que sim.

Por quê?
- É o unico santo que olha por mim. É a prova cabal que o divino está comigo. Eu perco, peço e sou atendido... Onde quer que eu esteja eu pulo em agradecimento.

És católico?
- De jeito nenhum! O catolicismo não tem variante. E tudo que não se renova não me atrai...

Dê exemplo de algo que se renovou em você.
- Ontem eu usava "terno" e "gravata". Hoje eu uso colete xadres e sandália de couro.

A que ou a quem você atribui essa mudança?
- Entendi que a liberdade é inerente ao ser humano.

O que é ser livre dentro do seu conceito?
- É ter a consciência de que a sociedade te reprime por que é mesquinha. Mas você, quanto indivíduo, não pode se censurar. Quando alguém faz uso da liberdade que Deus nos deu, o mundo evolui em um por cento.

Além de fazer uso da liberdade o que falta para a humanidade evoluir?
- Respeitar o silêncio do outro.

O outro te instiga?
- Sim. Por que é mesquino, hipocrita e mediocre . E também por que é capaz de inventar coisas como o celular!

Te apavora a evolução do homem neste sentido?
- Me apavora. A nossa existência se resume a esse aparelho. Há um temor coletivo-moderno que me soa estranho... E esse temor é o medo de ter perdido o celular. Nos apavoramos com essa possobilidade! Mas na verdade não nos apavoramos com o medo de perder um aparelho de merda e sim com o medo de perder o contato com o outro que é o que esse aparelho nos proporciona. A globalização está nos unindo... De manira torta, mas está nos unindo...


(...)



(Sérgio Santal, para uma entrevista concedida a um grupo de estudantes)

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