sexta-feira, 26 de novembro de 2010

NOITE JÁ

Estar triste, e não consegue chorar. Olha pela janela e fitar as estrelas é o seu único consolo. O cara da pastelaria; o cara do supermercado; o rapaz da cerâmica...
O rapazes. Os caras. Em que momento achou que eles poderiam querer algo do âmbito afetivo com ela: (foi uma indagação, embora o paragráfo não tenha findado com com um ponto de interrogação; foi uma pergunta.)
Sai da janela e vai até o espelho. Pára. Fitá-se. Rercua do espelho e chega próxima a janela novamente. O que era pior? Contemplar as estrelas ou a si mesma?
Angusta (...)
Foi até o banheiro com o intuíto de urinar. E enquanto urinava ficou a pensar: qual dos confrontos era o pior? O com as estrelas ou o consigo mesma?
Saiu do banheiro indo para o quarto.
Fechou a janela cuidadosamente para, depois disso, jogar o seu espelho no chão. De longe, via os cacos lançados no chão. Temeu se ver multiplicada. Voltou para o banheiro e adormeceu sentada no vaso sanitário.
(Sérgio Santal - trecho de um romance meu, ainda sem título)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NÓS (Eu, você e todos nós)

Que vontade de chora.
Por mim,
por você,
por nós.
Nós, pobre seres:
Nós, seres:
Nós, seremos:
Nós, algo de um todo.
Nós que choramos, tal como um bobo.
Nós. O que será?
Nós. Por que não ser?

(Em frente ao teatro Nelson Rodrigues. Noite quase fria, RJ - Sérgio Santal)