sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

UMA CARTA á ALGUÉM

"As horas passam, eu vejo suas fotos compondo o meu albúm de lembranças e morro querendo... Você sabe o que é isso? Morrer de querer?
Certamente que não... Isso é coisa para náufragados como eu. Você que é belo e basta focar seu olhar em alguém para ter esse alguém, não sabe o que é fazer poesia.
Eu não possuo a sua beleza, por isso tento conquistar com a inteligência. Só que mentes brilhantes não garantem "acaís tomados em pracinha, ao lado de quem se ama"; não vou explicar, aqui, o por que do acaí nessa confissão, mas garanto que ele (o acaí) tem um valor simbólico nessa minha ausência de afeto.
É vespera de carnaval e essa data me remete a uma outra carta, escrita nos meus quinze anos e lançada no seu quintal com a esperança (naquela época eu tinha esperanças) que você a lesse e me amasse á parti de então.
Você leu, mal e porcamente, e me odiou:
Não faz mal, pois o mal já foi feito e me sobrou inspiração para compor livros que você nunca lêrá, pelo simples fato de nada que eu faça te desperte o interesse.
Triste ratificar isso. Mas é fato, essa carta que é um ato, quase um naufrágio nesse mar que não se aguenta.
Sérgio Santal."

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DEUS SALVE ESSA GENTE.

"... Minha esperança é que essas pessoas, que dividem o planeta Terra comigo, percebam que há alegria menos forçada que o carnaval. Que eles vejam que há, no mundo, pequenas preciosidades que merece o nosso foco bem mais do que essas festividades que 'eles' julgam sádias. Não vejo razão em pular no meio de uma rua fantasiado quando o mundo piora gradativamente, não dando inspiração para samba enrredo; pois isso, em parte, é até elegante... Não seria confortável 'contemplar' na Marquês a tragédia no Haiti, a fome no Brasil e a censsura contra a imprenssa lá na Venezuela. Todas essas catastrofes destribuidas em plumas coloridas e lantejoulas brilhantes; todas essas mazelas humanas recebendo uma interpretação feliz sem ser, de fato, feliz, seria de um mal gosto imperdoável.
Difícilmente o carnaval e as festividades que o acompanham será visto ou tratado como arte, pelo menos não por mim. Pois arte que é arte retrata o real com uma sutil lente de aumento. Uma obra de arte investiga coisas muito mais densas do que entidades do camdoblé, estados e países que não são os nossos e a história do imperio brasileiro...
Ai, Pai nosso que estás no céu... dê a sua cria um pouco mais de senso poético e sabedoria para que esse rebanho deixe de pular no formigueiro ao som desses medonhos sambas enrredos e saibam desfrutar do silêncio, sem o confundir com tristeza.
Sérgio Santal."