"As horas passam, eu vejo suas fotos compondo o meu albúm de lembranças e morro querendo... Você sabe o que é isso? Morrer de querer?
Certamente que não... Isso é coisa para náufragados como eu. Você que é belo e basta focar seu olhar em alguém para ter esse alguém, não sabe o que é fazer poesia.
Eu não possuo a sua beleza, por isso tento conquistar com a inteligência. Só que mentes brilhantes não garantem "acaís tomados em pracinha, ao lado de quem se ama"; não vou explicar, aqui, o por que do acaí nessa confissão, mas garanto que ele (o acaí) tem um valor simbólico nessa minha ausência de afeto.
É vespera de carnaval e essa data me remete a uma outra carta, escrita nos meus quinze anos e lançada no seu quintal com a esperança (naquela época eu tinha esperanças) que você a lesse e me amasse á parti de então.
Você leu, mal e porcamente, e me odiou:
Não faz mal, pois o mal já foi feito e me sobrou inspiração para compor livros que você nunca lêrá, pelo simples fato de nada que eu faça te desperte o interesse.
Triste ratificar isso. Mas é fato, essa carta que é um ato, quase um naufrágio nesse mar que não se aguenta.
Sérgio Santal."